Sintomas como aumento da frequência urinária e urgência miccional podem indicar um quadro de bexiga hiperativa
A bexiga é um órgão muscular cuja função é armazenar a urina até que ela seja eliminada pela contração voluntária dessa musculatura. Porém, algumas lesões neurológicas, infecções ou até mesmo questões emocionais podem desregular esse funcionamento muscular e causar um quadro de bexiga hiperativa, que é quando a pessoa deixa de ter controle sobre o próprio hábito urinário.
Assim, ao notar um aumento na frequência de idas ao banheiro para urinar e dificuldade de “segurar” o xixi, é importante passar por uma consulta médica para investigar a causa, que pode ser bexiga hiperativa.
O que é a bexiga hiperativa?
A Sociedade Internacional de Continência define a bexiga hiperativa como a “urgência e aumento da frequência urinária, com ou sem incontinência”. Esse quadro é causado por uma contração involuntária do músculo da bexiga, o músculo detrussor, causando a urgência miccional e, muitas vezes, a dificuldade de controlar a perda urinária. Estima-se que a maioria dos pacientes com esse diagnóstico (cerca de dois terços) tem a chamada bexiga hiperativa seca, ou seja, sem incontinência urinária. Já a bexiga hiperativa úmida é quando além da urgência ocorre a perda de urina.
Como saber se você tem bexiga hiperativa?
Para saber se você tem bexiga hiperativa, é preciso primeiro se atentar aos sintomas desse quadro, que são:
- Frequência urinária aumentada (mais do que 7 micções por dia);
- Necessidade de levantar-se à noite para urinar;
- Necessidade urgente de urinar;
- Escapes de urina;
- Vontade de urinar mesmo com pequena quantidade de urina na bexiga.
A partir desse quadro clínico, um médico especialista — no caso das mulheres, o uroginecologista — deve investigar a hipótese diagnóstica de bexiga hiperativa, buscando descartar outras causas, como fatores infecciosos (infecção urinária, por exemplo) ou metabólicos (diabetes melito descompensado).
Qual exame detecta bexiga hiperativa?
O mais importante é realizar um exame de urina e urocultura para descartar infecção urinária e uma glicemia para descartar diabetes. Após isso, na presença dos sintomas clássicos de bexiga hiperativa e na ausência de outras causas prováveis já descartadas, pode ser feito o diagnóstico clínico de bexiga hiperativa.
O estudo urodinâmico é um exame realizado em caso de dúvida diagnóstica ou em caso de falha do tratamento inicial. Esse exame permite avaliar a atividade da musculatura da bexiga, principalmente as contrações involuntárias do músculo detrusor, responsável por “expulsar” a urina da bexiga. Pode-se, ainda, lançar mão de outros exames para diagnóstico diferencial, como o ultrassom de bexiga e a uretrocistoscopia — mas na maior parte das vezes não se faz necessário.
A importância de diagnosticar a bexiga hiperativa consiste principalmente no fato de que esse quadro impacta a qualidade de vida dos pacientes, principalmente quando associado à incontinência urinária.
Quais são as causas da bexiga hiperativa?
Diversas etiologias podem estar relacionadas à bexiga hiperativa, desde lesões anatômicas (no caso de bexiga neurogênica) até causas emocionais, como ansiedade e depressão. Assim, pode-se elencar estas como as principais causas:
- Alterações hormonais (síndrome urogenital da menopausa);
- Efeitos colaterais de medicamentos;
- Causas neurológicas;
- Causas emocionais;
- Prolapso genital;
- Idiopática (sem causa definida) – grande maioria dos casos.
Quais as opções de tratamento?
O primeiro passo para tratar a bexiga hiperativa é promover a mudança comportamental, principalmente relacionada à dieta. Assim, sugere-se a ingestão de no máximo 1,5 litros de água por dia, além de evitar bebidas alcoólicas, cafeína, pimenta e temperos em excesso, sucos de frutas ácidas e nicotina. Também é muito importante que o médico tenha conhecimento de todos os remédios que o paciente está tomando, pois alguns deles podem ter como efeito colateral o aumento da diurese. Além disso regularizar o hábito intestinal impacta na melhora dos sintomas urinários.
A fisioterapia pélvica com eletroestimulação costuma ser indicada, tendo como inconveniente que os sintomas tendem a retornar com a suspensão das sessões que precisam ser realizadas 2x na semana.
Com relação aos medicamentos, há algumas opções disponíveis no mercado para aumentar o relaxamento vesical e reduzir a urgência como, por exemplo, a solifenacina, oxibutinina e a mirabegrona. O inconveniente do uso da medicação é que precisa ser feito uso diário e contínuo e algumas pacientes relatam efeitos adversos como boca seca, o que colabora a baixa adesão ao tratamento.
Como alternativa existe a aplicação de toxina botulínica intravesical (dentro da bexiga), a qual está recomendada para pacientes que não tiveram bons resultados com os tratamentos anteriormente descritos para bexiga hiperativa. A vantagem dessa opção é a eficácia elevada (superior a 90%) e a maior duração (a sessão única tem efeito de duração por 9 a 12 meses).
Esse procedimento é feito com anestesia, sendo introduzido o cistoscópio, uma câmera que vê dentro da bexiga e guia a aplicação da toxina botulínica que é injetada em 20 a 30 pontos dentro do músculo da bexiga. Por sem um procedimento minimamente invasivo, é realizado a nível de hospital dia, sem necessitar de internação hospitalar. Essa é a opção que apresenta resultados mais rapidamente (cerca de 15 dias após a sessão), mas em 5% dos casos, pode levar a uma retenção urinária transitória como efeito adverso.
Vale lembrar que no caso de alterações hormonais relacionadas à menopausa, o uso do laser para rejuvenescimento íntimo contribui para melhorar a sensação de esvaziamento incompleto e reduzir a urgência e frequência urinária aumentada.
Para saber mais sobre esse e demais assuntos, entre em contato com a Dra. Maria Emília.
Fontes:
– Sociedade Internacional de Continência
– Sociedade Brasileira de Urologia