O câncer de colo do útero é uma doença maligna que afeta o tecido do colo do útero, geralmente causada pela infecção persistente do HPV
O câncer no colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é uma doença maligna que se origina nas células do colo do útero, a parte inferior do útero que se conecta à vagina. Esse tipo de câncer é causado principalmente pela infecção persistente por determinados tipos do papilomavírus humano (HPV), especialmente os tipos 16,18, 31 e 33 que são os mais associados ao desenvolvimento de lesões precoces nas células cervicais.
O tumor maligno do colo do útero pode se desenvolver de forma silenciosa nos estágios iniciais, sem sintomas evidentes, o que torna o diagnóstico precoce fundamental para um tratamento eficaz. Em termos de incidência, o câncer no colo do útero é o quarto tipo mais comum entre as mulheres em todo o mundo. Apesar de ser uma das principais causas de morte por câncer em mulheres, a incidência tem diminuído significativamente nos países que implementaram programas de rastreamento e vacinação contra o HPV.
No Brasil, o câncer no colo do útero ainda é uma das neoplasias mais prevalentes entre as mulheres, destacando a importância de medidas preventivas, como o Papanicolau e a vacina contra o HPV, para detectar precocemente as alterações celulares e reduzir os riscos dessa doença. Saiba mais a seguir!
Como começa o câncer de colo do útero?
Este tipo de câncer geralmente começa com alterações nas células do colo do útero, que se transformam nas chamadas lesões cervicais intraepiteliais. Essas alterações podem ser detectadas por meio de exames preventivos, como o Papanicolau. A principal causa dessas mudanças celulares é a infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV), especialmente pelos tipos de alto risco, como os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58.
A infecção por HPV é bastante comum e, na maioria dos casos, o sistema imunológico da mulher consegue eliminá-lo sem causar problemas. No entanto, quando a infecção persiste por muitos anos, pode levar ao desenvolvimento de células anormais, que, ao longo do tempo, podem evoluir para câncer no colo do útero se não forem tratadas.
Essas células alteradas podem passar por estágios de transformação, começando com displasia cervical, que é uma condição em que as células do colo do útero se tornam anormais, mas ainda não são cancerígenas. Com o tempo, se a displasia não for detectada e tratada, as células anormais podem evoluir para carcinoma invasivo, que é o estágio do câncer em que as células malignas começam a invadir outros tecidos ao redor do colo do útero.
Quais são os estágios do câncer de colo de útero?
O câncer de colo de útero é classificado em estágios de acordo com a extensão da doença e o grau de invasão das células cancerígenas nos tecidos ao redor do colo do útero. O sistema mais utilizado para essa classificação é o sistema de estadiamento FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia), que divide a doença em quatro estágios principais:
Estágio 0 (Carcinoma in situ)
Este estágio é considerado uma forma precoce do câncer, na qual as células anormais estão localizadas apenas na superfície do colo do útero e ainda não invadiram outros tecidos. O carcinoma in situ é também chamado de neoplasia intraepitelial cervical grau 3 (NIC 3), sendo uma lesão tratável e tem excelentes taxas de cura, especialmente se diagnosticado precocemente por meio de exames de rotina, como o Papanicolau.
Esse é o melhor momento para realizar o tratamento, o qual geralmente é feito com a exérese da zona de transformação anormal (EZT) através da cirurgia de alta frequência, onde é retirada a parte do colo do útero que está com a lesão.
Estágio I
O câncer está restrito ao colo do útero. No estágio I, o tumor ainda não se espalhou para outros órgãos ou tecidos adjacentes. Esse estágio é subdividido em I-A e I-B, dependendo do tamanho do tumor e da profundidade da invasão. O tratamento, que geralmente inclui cirurgia, pode curar a doença nesse estágio, com boas perspectivas de recuperação.
Estágio II
Neste estágio, o câncer se espalhou além do colo do útero, mas ainda está limitado à região pélvica. Pode envolver a parte superior da vagina e tecidos ao redor do colo do útero, mas ainda não atinge outros órgãos. O tratamento geralmente envolve cirurgia ou radioterapia, quimioterapia e braquiterapia, um tipo de radioterapia em que é inserido um dispositivo dentro da vagina para ação local do tratamento.
Estágio III
O câncer se espalhou ainda mais, afetando os tecidos ao redor do útero e a parede pélvica. Nesse estágio, pode haver obstrução dos rins ou comprometimento da função urinária devido à invasão da parede pélvica e ureteres e acometimento dos linfonodos pélvicos. O tratamento inclui uma combinação de radioterapia, braquiterapia e quimioterapia e as chances de cura são menores, mas o controle da doença ainda é possível.
Estágio IV
Este é o estágio mais avançado do câncer de colo de útero, no qual o câncer se espalhou para órgãos, como bexiga e reto. O tratamento geralmente envolve quimioterapia, radioterapia e imunoterapia com o objetivo de controlar a progressão da doença e aliviar os sintomas, porém a chance de cura reduz consideravelmente neste estágio.
Assista ao vídeo e conheça os estágios do câncer no colo do útero!
Fatores de risco do câncer no colo do útero
O câncer no colo do útero está fortemente associado a diversos fatores de risco, que podem aumentar as chances de uma mulher desenvolver a doença. Os principais são:
- Infecção persistente pelo HPV (presente em 99% dos casos);
- Falta de rastreamento regular (Papanicolau e teste HPV);
- Idade maior que 35 anos;
- Sistema imunológico enfraquecido, como pessoas convivendo com HIV ou transplantadas;
- Tabagismo;
- Comportamento sexual de risco;
- Uso prolongado de contraceptivos orais;
- Iniciação sexual precoce.
Conhecer esses fatores de risco é importante para que as mulheres possam adotar medidas preventivas, como a vacinação contra o HPV, exames regulares e hábitos saudáveis, a fim de reduzir as chances de desenvolver o câncer no colo do útero.
Vale lembrar que 1% dos casos de câncer de colo de útero não são relacionados com a infecção pelo Papilomavírus humano, são os chamados adenocarcinomas HPV independentes. Esses são tumores raros e mais agressivos o que dificulta, inclusive, o rastreamento.
Sinais e sintomas do câncer no colo do útero
O câncer no colo do útero, especialmente nos estágios iniciais, pode não apresentar sintomas evidentes, o que torna o rastreamento regular crucial para detectar alterações precoces nas células cervicais. No entanto, à medida que o câncer avança, podem surgir sinais e sintomas que indicam a presença da doença. Alguns dos principais incluem:
- Sangramentos anormais;
- Dor pélvica ou abdominal;
- Fluxo vaginal anormal;
- Fadiga e perda de peso inexplicada;
- Inchaço nas pernas;
- Problemas urinários ou intestinais;
- Insuficiência renal.
Vale lembrar que a presença desses sintomas não significa necessariamente que uma mulher tenha câncer de colo do útero, pois várias condições benignas também podem causar sintomas semelhantes. No entanto, qualquer sinal ou sintoma anômalo deve ser avaliado por um médico, e a realização de exames de rastreamento regulares é fundamental para a detecção precoce e o aumento das chances de um tratamento bem-sucedido.
Como o diagnóstico é realizado?
O diagnóstico do câncer de colo do útero é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O exame inicial é o Papanicolau (também conhecido como citologia cervical), que é um exame simples e eficaz para detectar alterações nas células do colo do útero. Além dele, a pesquisa do vírus HPV (PCR HPV também chamado de genotipagem) é o exame que identifica mulheres que apresentam risco de desenvolver alguma lesão.
Quando o exame Papanicolau aponta a presença de células anormais, outros testes podem ser realizados para confirmar o diagnóstico, como a colposcopia, que utiliza um aparelho para observar o colo do útero mais detalhadamente. Se necessário, pode ser feita uma biópsia para coletar amostras das células suspeitas e determinar se elas são cancerígenas.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce do câncer no colo do útero é fundamental para o sucesso do tratamento e aumento das chances de cura. Quando detectada em estágios iniciais, a doença tem uma taxa de cura muito alta, pois as alterações celulares ainda são limitadas e não houve invasão para outros órgãos.
O exame Papanicolau e a pesquisa do vírus HPV são a principal ferramenta para a detecção precoce, permitindo que lesões precursoras do câncer sejam tratadas antes que evoluam para um câncer invasivo.
Como lidar com o diagnóstico de câncer de colo de útero?
Receber o diagnóstico de câncer de colo do útero pode ser uma experiência emocionalmente desafiadora e assustadora. A partir desse momento, é fundamental que a paciente tenha o apoio de uma equipe médica especializada, que explicará os detalhes sobre a condição, o estágio do câncer e as opções de tratamento disponíveis.
Como prevenir o câncer de colo do útero?
A prevenção do câncer no colo do útero envolve uma combinação de medidas que visam reduzir os fatores de risco e promover a detecção precoce da doença. Os principais cuidados incluem:
- Vacinação contra o HPV;
- Realização de exames de rastreamento, especialmente Papanicolau e pesquisa de HPV;
- Tratamento das lesões precursoras de câncer, as chamadas neoplasia intraepiteliais cervicais (NIC);
- Uso de preservativo;
- Evitar o tabagismo ativo e passivo;
- Manter um estilo de vida saudável com controle de peso e de ansiedade e depressão;
- Acompanhamento ginecológico
Quais são os tratamentos para o câncer de colo de útero?
O tratamento para o câncer de colo do útero varia dependendo do estágio da doença, das características do tumor e da saúde geral da paciente. As opções de tratamento podem incluir:
Cirurgia
Em estágios iniciais do câncer de colo do útero, a cirurgia é frequentemente a primeira opção de tratamento. A remoção do tumor e das células cancerígenas pode ser realizada por meio de diferentes procedimentos, dependendo da extensão do câncer e da saúde da paciente, desde exérese de zona de transformação anormal, onde é retirado a parte do colo do útero com a lesão até cirurgia de Wertheim-Meigs também conhecida como histerectomia radical, onde além do útero é retirado parte da vagina.
Radioterapia
A radioterapia utiliza radiações de alta energia para destruir células cancerígenas ou reduzir o tamanho dos tumores. A braquiterapia é um tipo de radioterapia em que a radiação é colocada dentro ou perto do tumor para destruir as células cancerígenas.
Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos capazes de potencializar o efeito da radioterapia e assim impedir que as células cancerígenas se multipliquem.
Imunoterapia e Terapias-Alvo
Em alguns casos, tratamentos mais novos, como imunoterapia ou terapias-alvo, podem ser recomendados. A imunoterapia ajuda o sistema imunológico a combater as células cancerígenas, enquanto as terapias-alvo visam diretamente moléculas específicas nas células cancerígenas para inibir seu crescimento.
Quais as chances de cura do câncer de colo do útero?
As chances de cura do câncer de colo do útero variam conforme o estágio em que a doença é diagnosticada:
- Estágios iniciais (I e II): quando o câncer está restrito ao colo do útero, as chances de cura são muito altas, com taxas de sobrevida de até 90% após cinco anos;
- Estágio III: quando o câncer se espalha para os tecidos ao redor do colo do útero, mas não para órgãos distantes, as chances de cura diminuem. A taxa de sobrevida em cinco anos é cerca de 50%;
- Estágio IV: quando o câncer se espalha para órgãos distantes, as chances de cura são muito baixas, com uma taxa de sobrevida em cinco anos abaixo de 20%.
Já no caso do estágio zero, ou seja, no caso da lesão pré-maligna (NIC 3 / carcinoma in situ) a taxa de cura é de 100%, por isso a detecção precoce por meio de exames preventivos, como o Papanicolau, aumenta significativamente as chances de cura e sucesso no tratamento.
Fontes: