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Existe relação entre HPV e infertilidade?


Lupa e siglas HPV
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

4 julho, 2025 |

| 7 min. de leitura

Embora o HPV raramente cause infertilidade diretamente, o cuidado preventivo é essencial para manter a saúde reprodutiva

É muito comum que, durante consultas ginecológicas ou urológicas, as pacientes manifestem dúvidas sobre os impactos do HPV (papilomavírus humano) na fertilidade. Esse questionamento reflete tanto a alta prevalência da infecção — considerada a mais comum entre as doenças sexualmente transmissíveis — quanto a crescente preocupação das pessoas com sua saúde reprodutiva.

Embora o HPV esteja majoritariamente associado a lesões genitais e ao desenvolvimento de cânceres como os do colo do útero, ânus e orofaringe, ainda existe uma percepção pouco clara sobre seu papel na fertilidade feminina. Por isso, compreender se há relação entre HPV e infertilidade é essencial não apenas para a orientação clínica adequada, como também para trazer informações a respeito de um diagnóstico que muitas vezes é estigmatizado.

O que é o HPV e como identificar?

O papilomavírus humano (HPV) é um grupo de vírus que infecta a pele e as mucosas, sendo transmitido principalmente por meio do contato sexual. Existem mais de 200 tipos identificados de HPV, e cerca de 40 deles afetam a região genital. Na maioria dos casos, a infecção é assintomática e transitória, sendo combatida naturalmente pelo sistema imunológico.

No entanto, algumas pessoas não conseguem eliminar o vírus do HPV e, quando ele persiste no organismo, pode causar complicações, como verrugas genitais e lesões que, se não tratadas, podem evoluir para câncer. A identificação do HPV é feita por meio da pesquisa de HPV (PCR) diretamente no colo do útero. Além disso, o exame de Papanicolau (ou preventivo) detecta alterações nas células do colo do útero causadas pelo vírus.

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Principais tipos de HPV

Os tipos de HPV são classificados em dois grupos principais: de baixo risco e de alto risco. Os de baixo risco geralmente estão associados a verrugas genitais, que são lesões benignas que não evoluem para câncer. Os tipos mais comuns nesse grupo são o HPV 6 e o HPV 11. Já os de alto risco têm maior potencial oncogênico, ou seja, podem provocar o desenvolvimento de câncer, especialmente em casos de infecção persistente.

Os tipos 16 e 18 são os mais perigosos, sendo responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo o mundo. Além do câncer do colo uterino, o HPV de alto risco também está relacionado a outros tipos de câncer, como os de pênis, ânus, vulva, vagina e orofaringe.

O HPV pode causar infertilidade?

A relação entre HPV e infertilidade ainda é um tema que gera muitas dúvidas e que está sendo constantemente estudado pela comunidade científica. Embora o HPV não seja classificado como uma causa direta de infertilidade, evidências crescentes sugerem que a infecção pelo vírus pode, em alguns casos, interferir na saúde reprodutiva. Isso ocorre principalmente quando o vírus provoca inflamações, alterações celulares ou outras complicações que afetam o sistema reprodutor.

No homem, estudos mostram que a infecção por HPV reduz a motilidade, a concentração e a morfologia espermática, aumenta a fragmentação do DNA e diminui em 15% as taxas de implantação na fertilização in vitro.

Já nas mulheres, o HPV altera a composição bioquímica do muco cervical, aumenta a viscosidade e reduz a permeabilidade aos espermatozoides. Além disso, o HPV pode levar ao desenvolvimento de lesões no colo do útero, o que, dependendo da gravidade, exige intervenções médicas que impactam a fertilidade, como retirada de parte do colo do útero ou até mesmo realização de histerectomia em casos de câncer.

Mulheres submetidas à cirurgia de alta frequência ou à conização para tratamento de lesões pré-cancerígenas apresentam um risco de 5% de estenose de colo do útero, o que pode dificultar a passagem dos espermatozoides. Esse risco está associado ao volume de colo uterino retirado na cirurgia e, por isso, atualmente evita-se cirurgia de conização a frio e dá-se preferência para a cirurgia de alta frequência ou até mesmo para o laser, quando possível.

A experiência do médico que irá realizar a cirurgia também é fundamental para a escolha de uma alça de alta frequência que seja capaz de remover a lesão sem retirar tanto volume de colo uterino. Quando ocorre a estenose de colo uterino, ela é manejada com a dilatação da região.

Por isso, mesmo que ainda não exista um consenso absoluto a respeito da relação entre HPV e infertilidade, é fundamental pensar de forma preventiva, com diagnóstico precoce, vacinação e acompanhamento médico adequado.

Quem tem HPV pode ter filhos?

Na maioria dos casos, pessoas com HPV podem ter filhos, sim.

A infecção pelo papilomavírus humano não impede a concepção. A maioria das pessoas com o vírus consegue engravidar e gerar filhos sem maiores complicações. Fatores que podem atrapalhar a fertilidade são: lesões cervicais avançadas, alterações significativas no muco cervical e no sêmen, complicações pós-tratamento, como estenose cervical, e aumento do risco de trabalho de parto prematuro (lembrando que esse risco só se mostrou em gestações com mais de 34 semanas, ou seja, bebês que, em geral, já apresentam mais de 2kg e que não necessitam de cuidados de UTI).

Existe um risco de transmissão do HPV na gestação e no parto, principalmente no parto normal; porém, a maioria dos bebês elimina o vírus nos primeiros 6 meses de vida.

Quem tem HPV tem dificuldade para engravidar?

A infecção pelo papilomavírus humano é bastante comum e, geralmente, é combatida naturalmente pelo sistema imunológico, sem causar impactos na fertilidade. Os estudos mostram que 90% das mulheres com HPV têm gestação a termo, ou seja, que completam 37 semanas ou mais. No entanto, quando se fala de HPV e infertilidade, o HPV de alto risco (principalmente os tipos 16 e 18) está associado a um maior risco de abortamento espontâneo, especialmente no primeiro trimestre da gestação. Isso ocorre porque o HPV pode causar inflamação na placenta e no trofoblasto (camada necessária para implantar o embrião), além de comprometer a formação dos vasos sanguíneos da placenta e causar dano ao DNA do embrião. Esse risco é maior caso haja também infecção por clamídia ou vaginose bacteriana.

Importância da prevenção contra HPV

A prevenção é a principal forma de reduzir os riscos associados ao HPV, incluindo possíveis complicações que podem afetar a fertilidade. Embora nem todos os casos de HPV levem a problemas reprodutivos, entender a conexão entre HPV e infertilidade reforça a importância de medidas preventivas eficazes. O uso do preservativo em todas as relações sexuais é uma das formas mais acessíveis de reduzir a transmissão do vírus, embora não ofereça proteção total, já que o HPV pode ser transmitido por contato com áreas não cobertas pelo preservativo.

Outro recurso fundamental é a vacina contra o HPV, recomendada para meninas e meninos a partir dos 9 anos, mas também disponível para adultos. A imunização previne os tipos mais perigosos do vírus, incluindo os de alto risco oncogênico, e é uma estratégia comprovada para evitar tanto câncer quanto possíveis impactos na fertilidade.

Além disso, o tratamento precoce de lesões causadas pelo HPV é essencial para evitar sua progressão e preservar a saúde do sistema reprodutivo.

Dra. Maria Emilia: especialista em HPV

A Dra. Maria Emilia Ferreira de Barba é médica ginecologista e obstetra com especialização em patologia do trato genital inferior e colposcopia. Essa especialidade foca no diagnóstico e tratamento de lesões causadas pelo HPV, além de outras patologias como o líquen vulvar. Com vasta experiência, ela utiliza técnicas avançadas, como cirurgia de alta frequência e laserterapia guiada por colposcopia, para tratar lesões precursoras de câncer e verrugas genitais, promovendo uma excelente cicatrização das lesões tratadas.

Além disso, a Dra. Maria Emilia é especializada em endoscopia ginecológica (histeroscopia), técnica que auxilia na investigação de infertilidade e no tratamento de condições, como miomas e pólipos uterinos. Ela também é especialista em uroginecologia e em ginecologia regenerativa.

Para saber mais sobre a relação entre HPV e infertilidade e tirar suas dúvidas sobre o assunto, entre em contato e agende uma consulta.

 

Fontes:

Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia

Febrasgo

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