Entenda as diferença e semelhanças entre essas duas condições
Sintomas como coceira intensa na vulva, formação de fissuras, irritação e dores na relação sexual são geralmente associados ao quadro de candidíase, uma infecção causada por fungos. Porém, quando o problema persiste e os sintomas se agravam, pode ser um indicativo de uma doença mais grave, como o líquen escleroso.
Quero realizar um tratamento especializado!
Nessas situações, é fundamental estabelecer o diagnóstico correto para diferenciar líquen escleroso e candidíase a fim de iniciar o tratamento mais adequado de acordo com a patologia.
A seguir, entenda mais sobre as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento dessas doenças que podem afetar significativamente a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres.
O que é líquen escleroso?
O líquen escleroso ou escleroatrófico é um dos três tipos de líquen, uma doença dermatológica que pode se manifestar em várias partes do corpo, mas é mais frequente na região vulvar. Dessa forma, o líquen pode ser classificado como:
- Líquen simples crônico: está associado a um fator irritativo ou ansiedade e depressão que desencadeiam o ato de coçar, provocando um espessamento da pele e formação de fissuras deixando a pele espessa o que gera mais coceira;
- Líquen plano: além da pele acomete a mucosa genital e se manifesta como placas avermelhadas que podem descamar ou como bolhas. Esse é o tipo de líquen mais raro;
- Líquen escleroso: doença autoimune crônica que provoca lesões esbranquiçadas e mudança da anatomia da vulva, pode apagar os pequenos lábios e encarcerar o clitóris. O líquen escleroso é mais preocupante porque aumenta o risco de câncer de vulva quando não tratado.
Como se contrai a doença líquen?
Como pudemos ver, o líquen pode estar relacionado a fatores irritativos que provocam a coceira, como o tipo de sabonete utilizado no banho ou o sabão usado para lavar a roupa, além de ansiedade, depressão e estresse.
No caso do líquen escleroso, essa é uma doença autoimune que não possui causas bem estabelecidas, mas sabe-se que está relacionada à deficiência do hormônio estrogênio, por isso é mais comum em mulheres na fase da menopausa, ou seja não é uma doença infectocontagiosa.
Sintomas
O principal sintoma é a coceira intensa na região da vulva, o que indica que a doença está ativa e precisa ser devidamente tratada. A coceira colabora para desencadear fissuras (cortes e escoriações na pele), espessamento da pele e dispareunia (dor nas relações sexuais).
O líquen escleroso também provoca lesões esbranquiçadas e modificação da anatomia da vulva, uma complicação importante que surge conforme a doença evolui. Isso leva ao desaparecimento dos pequenos lábios, encarceramento do clitóris e até ao fechamento completo do canal vaginal, causando dificuldades para urinar.
Além disso, o líquen escleroso é um fator de risco para o câncer de vulva e por isso o acompanhamento e controle da doença é fundamental.
Como aliviar a coceira do líquen escleroso?
Para aliviar a coceira e controlar os outros sintomas, o médico pode indicar o uso de pomadas de corticoides e hormônios associados à aplicação de laser na região íntima. Quando esses tratamentos mais convencionais não apresentam o resultado esperado para controlar a doença, a terapia com células-tronco pode ser recomendada, como o NANOFAT, PRP e PRF.
O que é candidíase?
A candidíase é uma infecção causada por fungos, principalmente o Cândida Albicans, que acomete mais a região genital e causa coceira, corrimento branco, ardência, dor e vermelhidão na vulva.
A Candida pode ser comensal da vagina (fazer parte da flora vaginal) e se aproveita de uma situação que há algum desequilibrio da flora vaginal, como no caso de uso de antibióticos para proliferar e causar sintomas, como a coceira e o corrimento esbranquiçado ou esverdeado e grumoso.
Para saber se a coceira e os outros sintomas são causados por líquen escleroso ou candidíase, é necessário conhecer melhor as características de cada uma. O especialista mais adequado para realizar um diagnóstico preciso de uma outra condição é o ginecologista especialista em patologia do trato genital inferior (PTGI).
Líquen escleroso ou candidíase: como identificar?
Apesar de líquen escleroso e candidíase terem sintomas em comum, é possível diferenciar as duas condições ao observar melhor as características de cada uma. Por exemplo, o líquen escleroso provoca mudanças na anatomia da vulva: pode deixar os labios vulvares, corpo perineal e região perianal esbranquiçada e encarcerar (fechar) o clitóris e o canal vaginal, diferente da candidíase que pode apresentar corrimento associado a coceira.
Outra diferença entre líquen escleroso e candidíase é em relação às causas, uma vez que o líquen não tem nenhuma associação com fungos.
Ademais, é importante procurar um médico especializado na presença de coceira intensa e lesões na vulva para obter o diagnóstico correto de líquen escleroso ou candidíase para realizar o tratamento adequado.
O que pode ser confundido com candidíase?
Muitas vezes, a coceira na região íntima não é causada por líquen escleroso ou candidíase, mas sim por outras condições, tais como:
- Fatores irritativos, que podem ser o tipo de sabonete, sabão e amaciante para lavar roupa e até mesmo o tecido da calcinha;
- Ressecamento vaginal ocasionado pela menopausa;
- Outras infecções ginecológicas, como clamídia, gonorreia e tricomoníase;
- Grande quantidade de verrugas genitais causadas pelo vírus HPV;
- Desregulação da flora vaginal.
Líquen escleroso ou candidíase: quais os tratamentos corretos?
O líquen escleroso é uma condição que não tem cura, porém o tratamento adequado é fundamental controlar os sintomas da paciente, evitar a progressão da doença e reduzir o risco de câncer de vulva. Para reduzir as coceiras e aliviar a inflamação, inicialmente são aplicadas pomadas de corticóides. Vale lembrar que nem todas as pacientes respondem ao tratamento com corticóide, além do fato de o corticoide deixar a pele muito fina e sensível, podendo ocasionar fissuras e cortes.
Por esse motivo é recomendado associar o uso das pomadas com o tratamento a laser, aplicado na região interna e externa da vagina. O laser estimula a produção de colágeno e a vascularização (quantidade de sangue que chega à vulva), o que melhora a hidratação da região e controla a progressão da doença.
Em casos específicos, pode ser necessário realizar a aplicação de ácido hialurônico no local da fissura para hidratar a mucosa e evitar a reincidência dos cortes.
Caso essas abordagens não sejam capazes de aliviar os sintomas, ainda existe a opção de tratamentos com células-tronco que promovem a regeneração tecidual, como o uso de PRP, PRF ou nanolipoenxertia regenerativa, também conhecida Nanofat. Essa técnica obtém as células-tronco presentes na própria gordura da paciente da coxa ou abdome para serem reimplantadas na região da vulva a ser tratada.
Já o tratamento para a candidíase pode ser realizado por meio de:
- Antifúngicos (via oral ou tópica);
- Evitar lavar a região íntima com sabonete íntimo; a preferência é sabonete neutro;
- Imunoterapia, para estimular o próprio organismo a combater o fungo para evitar episódios de repetição;
- Medicação por um período estendido de, pelo menos, 6 meses, para evitar novas crises de candidíase.
- Tratamento combinado de laser + led, que são tecnologias que promovem regulação do pH vaginal e ação esterilizante, sendo 7 vezes mais eficaz que a medicação antifúngica.
Quando é realizado o tratamento correto para líquen escleroso ou candidíase, as pacientes ficam sem coceiras ou outros sintomas que prejudicam a vida sexual e seu bem-estar geral.
Quando procurar ajuda médica?
Ao notar a presença dos sintomas relatados ou qualquer outra alteração no sistema geniturinário, é fundamental procurar um ginecologista especialista em patologia do trato genital inferior para averiguar o caso.
Além disso, é importante fazer uma avaliação ginecológica anual completa como forma de prevenção e obtenção de diagnóstico precoce de diversas doenças relacionadas à saúde da mulher.
Para saber mais informações ou esclarecer outras dúvidas, entre em contato e agende uma consulta com a Dra. Maria Emília.
Fontes:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)